Um panorama sobre a Cultura Empreendedora

Analisando todas as minhas postagens, percebi que ainda não tinha abordado, em nenhum artigo, questões relacionadas a Cultura Empreendedora. Apesar de respirar esse conceito dentro dos ecossistemas que tenho o prazer de fomentar, em conjunto com um grupo de pessoas fantásticas que apoiam os EJE’s, e sempre abordar o tema nas palestras que realizo, percebi que vale a pena desenvolver o assunto em um artigo.

O conceito não tem nada de complexo. Simplesmente, estudamos a fundo o ecossistema nacional e percebemos que existiam algumas deficiências que deveriam ser supridas e adaptadas para o modelo mental atual do brasileiro, quando o assunto é empreendedorismo.

Como podemos observar, já existem várias organizações que promovem cursos, workshops e que disponibilizam conteúdos digitais fantásticos, além de atendimento  presencial gratuito ao empreendedor.

Só para citar as duas maiores iniciativas que atuam na melhoria contínua do empreendedor: temos o SEBRAE e a ENDEAVOR. Existem também as instituições representantes de alguns setores empresarias, que por meio de seus comitês, organizam eventos para promover o networking entre os empreendedores. Gostaria de destacar duas organizações: a FIESP e a Associação Comercial de São Paulo. Me ative a, simplesmente, citar duas de cada, pois acredito que posso, futuramente, escrever um artigo falando das várias instituições que desenvolvem um trabalho de apoio ao empreendedor.

Percebemos que, se o empreendedor tiver o interesse de aprimorar seus conhecimentos sobre a sua atuação, basta fazer uma busca na internet ou acessar diretamente o site das instituições citadas acima para que possa realizar cursos, baixar e-books e assistir palestras, tudo de forma gratuita.

Agora que você já sabe que estão disponíveis vários assuntos sobre empreendedorismo, que raio é a Cultura Empreendedora? Seria mais do mesmo?

Não, pequeno gafanhoto. A Cultura Empreendedora não está preocupada somente com o empreendedor, mas, sim, com toda a cultura que o cerca.

Sabemos das dificuldades que todos os empreendedores passam, pois a Cultura Empreendedora tem impregnada em seu DNA, desde a sua concepção, empreendedores que vivem de seus empreendimentos e não do que prega. Não somos palestrantes profissionais e nem charlatões que te darão a ilusão que para empreender basta seguir os 7 hábitos dos empreendedores de sucesso.

Queremos dar um basta na rivalidade entre as classes, onde muitas vezes o servidor público, o profissional de mercado, pesquisadores e professores são menosprezados pelos empreendedores. O contrário também é verdadeiro e todos nós sabemos, pois os profissionais acima também olham os empreendedores com desdem, chamando-os de loucos, afirmando de forma convicta que seus projetos não terão futuro e que é melhor arrumarem um emprego.

Pois bem, todos os profissionais citados acima são interdependentes. Os que possuem estabilidade poderiam entender que na maioria das vezes eles só estão empregados por conta de algum empreendedor que gerou seu posto de trabalho. Já os concursados públicos são profissionais excelentes, pois tiveram que estudar freneticamente para passarem em um concurso público. Mas eles devem estar esclarecidos que jamais ficarão “bem de vida”, pois mesmo que tenham sua perseguida estabilidade, serão sempre assalariados e nunca terão a oportunidade de deixarem de depender de suas futuras aposentadorias. Não preciso nem falar sobre a reforma da previdência, que pode fazer com que o tão famigerado “pezinho de meia” não consiga suprir todas as suas necessidades.

Afinal, sabemos que as pessoas que buscam estabilidade também buscam uma vida alinhada com o sonho médio do cidadão: arrumar um bom emprego, comprar um bom carro, casar, comprar uma boa moradia, ter filhos, dar um boa educação a eles e depois aposentar, envelhecer, quitar todas as dívidas adquiridas, pagar um bom plano de saúde… Após se aposentar terão que arcar com esses custos. Vale lembrar que também não existirá mais o vale refeição, alimentação e transporte. Sabendo disso e conhecendo as limitações desse perfil, qual a solução para que essas pessoas possam realmente ter a possibilidade de tirar a sorte grande?

Bem, eles possuem estabilidade e podem ser Investidores-Anjo dos empreendedores!

Sabe aquele primo que teve aquela ideia maluca? O irmão que sempre quis empreender? O amigo da faculdade que quer transformar o TCC em uma Startup? Aqueles que tem estabilidade podem ser os primeiros investidores, colocando em média de 50 a 300 mil reais. Vale lembrar que isso é uma média e que alguns investimentos são muito superiores a isso. Mas estamos no Brasil, então vamos encarar os fatos. Vai ser bem difícil um investidor-anjo colocar mais que essa média. Mas já dá para dar aquele pontapé inicial.

Estrategicamente, o empreendedor pode, antes de ir buscar investidores-anjo, montar uma equipe completa, capaz de colocar o projeto em pé e buscar recursos junto a iniciativas de fomento como a FINEP e FAPESP. Dessa forma, é possível levar para o investidor-anjo brasileiro, que é ainda muito avesso a risco, projetos já em fase de validação.

O foco da Cultura Empreendedora é esclarecer a todos os atores desse ecossistema a sua importância, destacando a importância do Empreendedor, pois só ele é capaz de gerar riqueza. Sabemos o quanto é difícil Empreender. Some a essa dificuldade a pressão que muitas famílias fazem, comparando o empreendedor com um irmão que já está ganhando bem trabalhando em uma multinacional ou com um amigo que passou no concurso público e está hoje estável no mercado profissional.

Procuramos esclarecer de forma didática que 90% dos empreendimentos não darão certo. Jamais verão a luz do sol. Mas são eles que dão a chance aos investidores de terem 10% de possibilidade de darem muito certo, com altos retornos.

Por falta desse esclarecimento entre as partes, já vi de tudo: empreendedores sendo expulsos de casa, sendo abandonados pelas esposas, já vi irmãos brigando entre si, pois o que investiu dinheiro encarou como empréstimo e mesmo com a quebra do negócio quer receber o seu dinheiro de volta…

Enfim, empreendedores não chegam longe sozinhos. Eles precisam estar inseridos em uma sociedade que respeite o perfil empreendedor, que o apoie com recursos, de forma profissional. O desdém machuca, mas jamais impede que um empreendedor real acorde com sangue nos olhos com vontade de fazer o negócio acontecer. Mas não há mágica. Sem acesso ao capital, o show para!

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