Feito por humano, um ensaio sobre inteligência artificial

Panorama

Com o advento da popularização das inteligências artificias, chegamos a alguns questionamentos que devem ser realizados por todos aqueles que possuem reais interesses sobre determinada área do conhecimento.

Há algum tempo, já temos disponível uma infindável quantidade de informações indexadas pelos buscadores. Mas hoje, além de tudo isso disponibilizado em hyperlinks espalhados pela rede, começamos a ter a oportunidade de receber, via prompt, elementos de forma consolidada, estruturados de tal maneira que podemos transformar dados e referências dissipadas em conhecimentos de forma mais efetiva.

Já temos hoje a consolidação de alguns players na área da inteligência artificial. OpenAI, Gemini, Grok, Meta AI, são algumas das empresas à frente do desenvolvimento de novos algoritmos e ferramentas que fornecem uma gama de utilidades práticas. Mas nessa corrida, o grande diferencial está na capacidade daqueles que conseguirem integrá-las no maior ecossistema de soluções, ganhando assim escala no fornecimento do serviço.

A IBM saiu na frente com o Watson. Quem não se lembra da participação da IA no programa Jeopardy em 2011. Mas de lá para cá, o que houve com a solução?

Bem, como mencionei acima, vence a maratona aquele que conseguir incorporar soluções de IA no maior ecossistema possível. A IBM, por sua vez, não disponibilizou a sua solução para acesso massivo. Se ela tivesse oferecido o Watson à serviço no mercado como a OpenAI fez, talvez ela estivesse no páreo junto às big techs que listei.

O que todos os grandes players, hoje, consolidados no mercado, tem em comum?

Todos eles possuem alguma ou muitas ferramentas no formato freemium. Isso dá a possibilidade do usuário de ter o seu primeiro contato com a tecnologia, mesmo que de forma limitada. E, aos que demandam mais recursos, eles já oferecem opções para assinatura de planos que se adequem a diferentes necessidades.

Problematizações

Como mencionei acima, hoje, temos a possibilidade do acesso a informações consolidadas para gerar conhecimento de forma mais ágil, mas o que podemos dizer sobre a qualidade dessas informações? Elas são reais, parcialmente reais ou delírios das Inteligências Artificiais?

Bem, vamos deixar claro: Inteligência Artificial não pensa, tudo são números e computadores fazem cálculos. Gosto de deixar isso claro, pois, hoje, o termo Inteligência Artificial vem sendo abordado por diferentes áreas do conhecimento que acabam personificando as IA’s. Mas lembrem-se, elas não pensa, não possuem sentimentos, são cálculos realizados por meio de vários tipos de algoritmos.

Esclarecida essa questão, como podemos ter a certeza de que as informações consolidadas estão, de fato, com uma boa qualidade? Sabemos que, mesmo na comunicação entre humanos, distorções do conhecimento acabam ocorrendo. Mas as IA’s podem oferecer informações de forma tão convincente que podemos acreditar e tomar isso como fato, baseando muitas de nossas tomadas de decisões em informações incorretas, sejam elas na via pessoal ou profissional.

Como humanos, devemos desenvolver cada vez mais a nossa capacidade de julgamento, onde possamos distinguir o que é e o que não é um fato.

O que você faz quando alguma pessoa conhecida por aumentar ou inventar histórias diz algo à você?

Muitas vezes brincamos com o interlocutor, dizendo que isso deve ser uma mentira de tão surreal que a situação aparenta ser, mas o que fazemos depois? Checamos na internet, analisamos o tema em sites de checagem, buscamos informações em diferentes fontes, analisamos todos os que dizem que aquilo é verdade ou mentira, buscamos referências em jornais, revistas, publicações acadêmicas, etc…

Vale alertar que não conseguimos e não conseguiremos realizar as devidas checagens na mesma velocidade de fluidez da informação nos meios digitais. Isso é impossível, ou seja, algumas informações não terão a devida verificação, pois imagine checar cada conteúdo disponibilizado, seja pelas grandes mídias ou pelas redes sociais?

Isso faz parte e devemos ser capazes de conviver com isso, sabendo escolher os temas que realmente importam para nós e com base neles aprofundarmos nosso conhecimento. Já imaginou checar toda história contada por um pescador?

Se não conseguimos fazer isso no meio físico, por que perseguimos essa utopia nos meios digitais?

Em breve, usaremos diferentes IA’s para que uma cheque a informação da outra, mas todo esse esforço só vale a pena se o conteúdo for realmente importante para nós.

Saiba que certas informações podem não ser relevantes para você, mas para alguma pessoa, aquela informação é importante, então uma hora ou outra crenças populares serão desmistificadas.

Agora se quiser que tudo seja verificado sem seguir esse processo natural, estaremos no caminho de uma sociedade cada vez mais vigiada à caminho de um estado de policiamento prejudicial para o bem-estar humano.

Autenticidade

Na era das IA’s, a autenticidade, é a chave para se manter relevante no mercado.

Humanos são capazes de realizar interpretações do mundo físico em tempo real, máquinas ainda não, pois estamos bem longe da disponibilização de gêmeos digitais para tudo que o vemos, o que permitiria a digitalização em tempo real de interferências do mundo físico.

Enquanto isso não acontece, vários dados do mundo físico dependem de sua inclusão no mundo digital por um humano.

Como diz um ditado conhecido, que adaptado não serve somente para humanos, “o que os olhos não vêm, o coração não sente”, pois é, dados que não são imputados na máquina por um humano, não pode ser processado, o que nos leva a adaptação do ditado, “o que os processadores não calculam, dados não podem ser gerados”.

Se faltam números para serem transformados em dados, os processadores não podem calcular diversos cenários, logo não podemos interpretar tudo com base na computação. O ser humano ainda terá, por um bom tempo, um papel vital na sociedade, pois de posse à dados inéditos é possível fazer interpretações humanas autênticas.

Humanos consomem de humanos e não de máquinas

Bem, quem nunca teve um ídolo que atire a primeira pedra.

Quando eu escuto muitos estudiosos e entusiastas das IA’s dizendo que elas substituirão grande parte das atividades humanas, eu acredito, mas elas substituirão atividades repetitivas, aquelas que demandam muito esforço físico e que colocam a saúde humana em risco.

Ao ver grandes marcas tentando reduzirem os seus custos com marketing, criando avatares digitais, acredito que estão cometendo um grande erro, pois personagens digitais que buscam replicar o ser humano não movimentam as mesmas quantias de capital que atletas, pintores, músicos e atores movimentam. Lembra da autenticidade que mencionei no tópico anterior?

Então, quem em sã consciência compraria um quadro pintado por uma IA, pagando milhões de dólares, sabendo que aquela obra pode ser replicada de forma idêntica infinitamente?

Limitação gera escassez, que por consequência leva a valorização.

Se uma banda está na lista da Billboard, pode ter certeza que o custo para realizar um show com ela será altíssimo, devido ao cachê e a qualidade dos equipamentos demandados, o que inclui uma infraestrutura adequada para receber todo o público.

Agora, se existe uma banda digital como Gorillaz, quantos pagariam caro para assistir um show, sabendo que ela pode apresentar-se, simultaneamente, em todos os municípios? O valor do ingresso tenderá a zero. Quanto mais digitalizado for o produto, mais tende à zero.

Sem experiência física, sem o fator humano, não existe autenticidade, logo ninguém paga caro para ter uma experiência vazia.

Humanos se inspiram em humanos e não em máquinas

No início do tópico acima, eu citei, superficialmente, a importância de ídolos.

Vamos lá.

Todo ser humano em algum momento da vida tem seus ídolos, sendo eles o ápice do que desejamos nos tornar. Eles são o farol que mantém o sonho de atingirmos a maestria em nossas vidas, seja profissional ou pessoal.

Ídolos são importantes para a formação do caráter. Jovens empresários desejam atingir o patamar de Elon Musk, Steve Jobs, Ernesto Haberkorn. Jovens esportistas querem se tornar um Jordan, Neymar, Senna, Serena Williams.

Máquinas não inspiram, ninguém deseja ser tão rápido como um acelerador de partículas, ou fortes como um trator da John Deere. Pessoas querem ser rápidas como o Senna, fortes como o Arnold Schwarzenegger, consistentes como Serena Williams, bela como Gal Gadot, inteligentes como Elon Musk, criativos como Steve Jobs e audazes como Ernesto Haberkorn.

Humanos desejam humanos e não Androids

Esqueçam, por um momento, a ficção científica onde humanos se apaixonam por Androids. Isso é pouco provável que aconteça na realidade. Uma coisa é você gostar, outra é amar. Neurônios espelhos nos fazem imitar coisas que humanos próximos estão fazendo. Não nos espelhamos e, muito menos, desejamos Androids, no sentido reptiliano.

Nosso DNA está programado para ser passado à diante, nascemos para procriar e, assim, evitar a extinção da espécie. Isso, de forma geral, pois sabemos que se depender de alguns humanos, não passamos da próxima geração, mas isso é assunto pra um outro artigo.

Voltando, para uma atração entre humanos é necessário vários estímulos sensoriais que dependem da visão, audição, tato, olfato e paladar…

Quando Androids forem capazes de nos causar todos esses estímulos, ao ponto de serem indistinguíveis de nós humanos, talvez, nesse momento, tenhamos um ponto de inflexão.

Até lá, tudo que vemos são ensaios, pois já vimos uma Android até receber cidadania de um país Árabe, mas convenhamos, ninguém se apaixonará por um chatGPT, pois, intuitivamente, todos sabem que nunca encontrarão com ela no mundo físico para matarem os seus desejos reptilianos.

A beleza da imperfeição

Outro fator interessante para analisarmos no comportamento humano, além da autenticidade, é a sua imperfeição.

Por mais que possamos prever o comportamento de manada via análise de redes complexas (grafos), o humano depende de vários outros estímulos, muitos deles sensoriais que são difíceis de mapear.
Esses estímulos alteram a química em nosso organismo, ou seja, não basta replicar o cérebro humano com algoritmos que simulem nossas tomadas de decisões, pois dependemos de diversos outros fatores externos.

Humanos sobre influência de álcool tomam decisões diferentes das que tomariam se estivessem sóbrios, ou seja, como simular todas as variáveis nesse cenário?

Quais seriam todas as decisões tomadas sob influência alcoólica? Agora, para dificultar ainda mais, imagine as tomadas de decisões sob pressão, mesmo sem influência da bebida. Quais seriam todos os fatores que influenciariam as decisões? A pessoa acabou de almoçar, está frio, calor, ela está em um ambiente ameaçador, com cheiro estranho, enfim, essa é a beleza do ser humano.

O comportamento humano tende a aleatoriedade. Sendo aleatório, ele tende à imperfeição. Uma escolha pode mudar se receber influências externas diferentes.

Agora imagine ir a um show de Androids. Todos tocarão de forma idêntica às músicas gravadas em estúdio e eles tocarão com perfeição.

Nós vamos em shows para ver imperfeições: um solo tocado no improviso, um guitarrista tocando sem todas as cordas por ter exagerado no solo, um vocalista que muda o ritmo de sua canção, incorporando um tom diferente. Enfim, buscamos a perfeição, mas o que nos une e nos atrai são as imperfeições.

Conhecimento disruptivo

Muito se fala sobre startups disruptivas, mas o fato de estarmos na era das Inteligências Artificiais, a disrupção não está mais restrita aos negócios.

Quem quiser se manter profissionalmente relevante no mercado deverá ser capaz de também fazer uma disrupção do conhecimento, desenvolvendo teses inéditas, criando novos paradigmas, desenvolvendo ferramentas para essas teses e gameficando-as para que o novo conhecimento seja retido.

Inteligências Artificiais não criam nada novo. Se observarmos do ponto de vista acadêmico, elas estão nos níveis da graduação e mestrado, sendo o doutorado o nível de conhecimento que leva à disrupção do conhecimento.

Isso não quer dizer que somente pessoas com doutorado farão a disrupção. Usei a comparação apenas para facilitar a visualização. A disrupção não vem apenas do conhecimento explícito, mas também do tácito.

Pasteurização do conhecimento

Com a quantidade de informações disponíveis na rede, além das informações apresentadas de forma consolidada por Inteligências Artificiais, as ideias tornam-se cada vez mais estéreis, já que elas não nos levam a novos conhecimentos.

Nesse cenário, humanos perdem a sua função de difusão dessas informações, sendo substituídos por Inteligências Artificiais. O resultado prático disso é refletido na quantidade de vídeos no Youtube, onde as mesmas informações são replicadas por diversos canais, cada um apresentando de uma forma distinta o mesmo conteúdo.

Muitos deles utilizam nitidamente de IA’s para criação do roteiro, tendo como consequência a divulgação de informações imprecisas, já que não possuem um time ou conhecimento necessário para a validação das informações apresentadas.

As informações hoje na rede, em sua grande maioria, são releituras de conhecimentos já consolidados. O ser humano, mais do que nunca, se faz necessário para apresentar novas informações para que possam dar base para novos conhecimento.

Novos conhecimentos são gerados apenas por humanos, principalmente, em um ambiente onde ainda não existam gêmeos digitais para cada objeto físico.

Metamorfose (Ciborgues)

Como humanos, somos uma eterna metamorfose ambulante, como já dizia o ditado popular.

Tendo as IA’s como um dos fatores de aceleração desse processo de metamorfose, acredito que, em breve, todas as informações consolidadas pelas IA’s e apresentadas aos humanos contribuirão para o avanço de novas áreas do conhecimento.

Penso dessa forma ao perceber a capacidade da IA de facilitar nosso aprendizado e auxiliar a nossa retenção do conhecimento.

Por exemplo: existem pessoas com interesse na compreensão de novos idiomas que estão utilizando as IA’s para personalizar seu plano de estudos. A ferramenta pode adaptar a linguagem de acordo com temas próximos ao contexto de cada um.

Lembram que, em um dos tópicos acima, eu afirmei que quanto mais digital a solução, mais ela tende a preço zero?

Então, hoje, as pessoas podem estudar novos idiomas gratuitamente e por conta própria. Isso reduzirá a procura por professores e escolas de idioma. Mas existem formas de se agregar valor único aos serviço de ensino de línguas.

Por exemplo: se o estudante possui interesse em aprender inglês e pretende perseguir a carreira como piloto de avião. Quanto ele pagaria para praticar inglês com um piloto senior para que eles possam trocar experiências sobre o setor e profissão?

O valor da hora trabalhada do humano capaz de se adaptar à essa nova realidade será alta, já que esse tipo de experiência não pode ser obtida por uma IA. Afinal, essa ferramenta somente consegue obter esse tipo de informação com base em humanos que compartilharam suas experiências em vídeos, artigos, filmes, séries, depoimento etc…

Provocações

Tendo todo o conteúdo do artigo em mente, o que podemos pensar sobre o futuro dessa interação entre máquinas e humanos?

Acredito que temos pontos muitos positivos que podem ser explorados. Mas depende das pessoas estarem preparadas para utilizar essas ferramentas para otimizar o conhecimento e se desenvolver nesse novo cenário.

Com a invenção da “primeira impressora”, por Johannes Gutenberg, muitas pessoas na época talvez acreditaram que houvesse uma explosão de novos autores. O mesmo ocorreu com os Blogs. Quantos se tornaram autores? Quantos vivem profissionalmente de sua criatividade?

Já com as facilidades que os smartphones trouxeram para a fotografia, quantos se tornaram fotógrafos profissionais? Quantos se tornaram cineastas, já que o Youtube facilita o processo de armazenamento e distribuição do conteúdo?

Enfim, tudo isso são apenas ferramentas. Os humanos devem dominá-las para que possam ter a sua independência, caso contrário ficarão a mercê de oportunidades oriundas de trabalhos sub-humanos, aqueles que são arriscados para a saúde humana, mas que ainda não foram substituídos pelo processo de automatização.

Estamos em uma era onde é mais que fundamental aprendermos a agregar valor em nossa marca pessoal e profissional. Essa marca só se desenvolve, consolida e expande por meio da autenticidade humana.

Níveis de intervenção Máquina/Homem

Será que, em breve, não saberemos mais quando um conteúdo é gerado ou não por uma IA? Nos importaremos com isso?

Bem, como mencionei nos tópicos acima, acredito que todos teremos acesso à informação, mas a capacidade de gerar conhecimento será cada vez mais colocada à prova. Valorizaremos cada vez mais o processo de aprendizado, principalmente, a origem do conhecimento e quem são as pessoas responsáveis pelos conceitos. Isso fará muita diferença.

Uma coisa é você aprender a tocar guitarra sozinho, processo válido e totalmente factível, mas outra coisa é você ter aprendido a tocar com Steve Vai. Essa experiência em palco que o aluno poderá aprender só será possível com esse tipo de intervenção humana.

Tendo isso em mente, acredito que temos 3 cenários para identificar a intensidade de intervenções de Homem/Máquina, sendo eles:

  • Humano – Nenhuma intervenção de inteligência artificial, conteúdo desenvolvido apenas por humano em um processo criativo artesanal.
  • Semi-robotizado (Máquina < 50%) – Intervenções de até 50% no processo criativo, utilizado-se apenas de ferramentas de correção gramatical, geração de ilustrações, além de sugestões de melhorias textuais.
  • Robotizado (Máquina > 50%) – Intervenção de inteligência artificial acima de 50% no processo criativo, com conteúdos e ilustrações geradas por máquina, ou sem intervenção humana.

Movimento feitos por humanos

Em busca da valorização do processo criativo humano, surge a necessidade de um selo que indique quando todo o processo criativo foi elaborado por um humano.

Não se trata de purismo ou conservadorismo, se trata apenas de um selo para valorizar a criação de conteúdos 100% elaborados com essência humana, sem “pasteurização” na forma de expressão.

É a assinatura da presença humana por trás de cada texto, pintura ou música disponibilizada à sociedade. E, claro, erros são valorizados, fazendo parte do processo.

Se o seu conteúdo foi elaborado sem a intervenção de inteligências artificiais, sinta-se à vontade em aplicar o selo abaixo.

Vamos juntos valorizar o conteúdo 100% desenvolvido por humanos.

Conclusão

Esse ensaio busca apresentar pontos que possam levar a uma profunda reflexão sobre o desenvolvimento automatizado de conteúdos em busca apenas de visualizações, onde a qualidade das informações são cada vez mais estéreis.

Em busca de conteúdos autênticos, devemos valorizar o processo criativo humano.

A imperfeição é uma assinatura humana e ela deve ser valorizada. Essa característica mostra o humano em sua plenitude, por meio do processo criativo individual.

Podemos demonstrar nossas aflições, nossas esperanças, nossos medos, nossas crenças, nossos sonhos, nossas falhas, sejam elas de escrita, de síntese, de entendimento, além, claro, de podermos interpretar o mundo por meio de nossos olhos, a janela de nossas almas.

Made by Human

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