Virgindade e empreendedorismo?

Perdi minha virgindade empreendedora aos 16 anos e tive que ser emancipado. Alguns acham cedo de mais, pois a maioria tem a sua primeira experiência depois dos 30 anos, após terem passado por grandes aventuras e corporações.

Posso dizer que minha experiência foi ótima, um pouco afobada e temperada com um pouco de nervosismo, mas no final tudo deu certo.

Hoje, participando de atividades junto a grandes universidades, posso ver a mesma ansiedade nos olhos da garotada e para mim é nítido ver quem serão os futuros empreendedores.

São características latentes que não dá para passar despercebido, pois a vontade de empreender é notada pelas prioridades dadas no cotidiano. Alguns preferem aos finais da tarde uma confraternização com os amigos no boteco mais próximo, uma novelinha, outros um futebol de quarta-feira e um churrasquinho no final de semana. O jovem com característica empreendedora quer mudar um conceito, quer facilitar a vida das pessoas, mudar o mundo e claro ganhar um bom dinheiro com isso. Para esses não existe tempo livre, pois suas mentes então sempre borbulhando de ideias, são observadores natos e treinam seus olhares e sua percepção encontrando soluções elegantes para problemas corriqueiros, onde a maioria encontra problema esse jovem encontra uma oportunidade.

Muitos reclamam das atividades diárias, reclamam do chefe, dos prazos, da jornada de trabalho e quando estão no ócio preferem se “divertir”, dizem que não querem saber de trabalho. Agora imaginem um carro sendo freado bruscamente para parar esse pensamento e elucidar o meu “Opa, espera aí companheiro! Quem disse que o jovem empreendedor não se diverte no trabalho?”

Nossa carga de trabalho é enorme, não temos vale alimentação, décimo terceiro, férias e salário certo no final do mês, mesmo assim achamos o nosso trabalho em empreender uma diversão, isso é o ar que nos mantém vivos, não vemos a hora passar, não sentimos fome, criamos um mundo paralelo dentro de uma bolha que só saímos para nos socializar e pensar colaborativamente com pessoas fora de nosso mundo que acabam nos abastecendo com milhões de problemas da sua convivência com o mundo exterior permitindo que em nosso breve sono de 4 horas surjam inevitavelmente soluções espontâneas durante a madrugada e é obvio que o caderno de anotações e a caneta estarão ao seu lado fazendo cia.

Para entender esse estilo de vida, você tem que estar disposto a correr riscos e óbvio eles são enormes, não há como saber se todos os projetos desses jovens irão vingar, se terão uma aceitação no mercado sendo relevantes para as pessoas. Alguns desistirão sozinhos por essas dificuldades outros por pressão dos pais que sofrem vendo o filho baseado em um mundo de incertezas e ideais chegando a pedirem para procurarem uma vida mais estável, para prestarem um concurso público, o restante abandonará a ideia porque a namorada ou mulher quer uma pessoa mais presente enfim, se eu for listar todos os motivos terei que escrever um livro só sobre o tema e acho que um título bem bacana seria: “1001 motivos para não empreender” que tal?

Nas grandes mídias muito se fala sobre empreendedorismo e Startups, mas são pouquíssimo que falam com propriedade do assunto, esse número de pessoas cai mais ainda quando se trata de retratar o estilo de vida que os empreendedores levam, pois é temos um estilo de vida singular, mas essa falta de familiaridade dos jornalistas, palestrantes, especialistas e professores talvez tenha apenas um motivo.

Quem sabe eles continuam virgens!

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